Materialistas e racionalistas veem a criatividade como um processo racional de tentativa e erro, consistente apenas no fazer. Focalize um problema, engendre uma teoria, descubra consequências comprováveis dessa teoria, faça uma experiência. Se funcionar, “bingo!”, você tem uma solução. Se os dados experimentais não se ajustarem à previsão inicial, volte à prancheta e idealize outra teoria experimental. Tudo fazer-fazer-fazer. Em contraste, as religiões e tradições espirituais do mundo enfatizam o ser, ser-ser-ser.

O mundo do fazer é considerado ilusório e, por isso, é ignorado. A física quântica ajuda-nos a integrar estas duas dimensões. Lembre-se, a física quântica é a física das possibilidades; as possibilidades proliferam quando ficamos sentados em silêncio no modo “ser”, sem fazer nada. De vez em quando, escolhemos uma de entre as possibilidades que precipitam uma ação, no modo “fazer”. Vamos alternando entre o modo “ser” e o modo “fazer” até chegarmos descontinuamente à nossa perceção: a solução.
Podemos, assim, processar inúmeras possibilidades ao mesmo tempo no modo “ser”, e as hipóteses de encontrarmos a solução serão muito superiores àquelas do método no qual exploramos uma tentativa de cada vez. Os investigadores da criatividade dizem-nos que esta é, de facto, a maneira pela qual o processo de inventividade funciona em pessoas criativas (para maiores detalhes sobre o tema, consulte o livro “Criatividade para o século 21”).
Produzimos os problemas do nosso mundo e temos de recriar o mundo das soluções. Para tanto, a criatividade quântica é a nossa principal ferramenta. Mas de modo algum isso é tudo que o ativismo quântico tem a oferecer.
O ativismo convencional separa “nós” (os corretos) “deles” (os malfeitores). A física quântica diz que tudo é movimento da consciência; nós somos o mundo. Não existe isso de nós contra eles. Só o movimento na direção da consciência ou afastando-se dela, e nem sempre é fácil perceber a diferença. De uma coisa podemos ter certeza: quando a consciência é não local, ela é abrangente. Quando praticamos a inclusão na solução de conflitos, almejamos tocar a consciência não local.
No ativismo convencional, tentamos mudar o sistema e, ao mesmo tempo, queremo-nos manter inalterados – nós, os sujeitos, continuamos hierarquicamente superiores a um mundo-objeto –, uma hierarquia simples. Não nos damos conta de que fazemos parte do sistema, de que o sistema já corrompeu o nosso modo de pensar.
Será possível permitir que o nosso ativismo nos mude enquanto mudamos o sistema? Este é um relacionamento hierárquico entrelaçado (ou emaranhado) com o processo de mudança: nós nos recriamos quando recriamos o mundo.
Por isso, o ativismo quântico; por isso, o manifesto quântico pela mudança pessoal e social. Usam-se os aspectos transformadores da física quântica – causação descendente, criatividade quântica, não-localidade e hierarquia entrelaçada no relacionamento entre sujeito e objeto – para nos mudarmos a nós mesmos e à sociedade.
Fontes:
GOSWAMI, Amit. The self-aware universe: how consciousness creates the material world. Nova York: Tarcher/Putnam, 1993. [O universo autoconsciente: como a consciência cria o mundo material. 2.ed. São Paulo: Aleph, 2008.]
GOSWAMI, Amit. The visionary window: a quantum physicist’s guide to enlightenment. Wheaton, IL: Quest Books, 2000. [A janela visionária: um guia para a iluminação por um físico quântico. São Paulo: Cultrix, 2006.]
GOSWAMI, Amit. Physics of the soul: the quantum book of living, dying, reincarnation, and immortality. Char lottsville, VA: Hampton Roads, 2001. [A física da alma: a explicação científica para a reencarnação, a imortalidade e a experiência de quase-morte. 2.ed. São Paulo: Aleph, 2008.]
GOSWAMI, Amit.. The quantum doctor: a physicist’s guide to health and healing. Charlottsville, VA: Hampton Roads, 2004. [O médico quântico: orientações de um físico para a saúde e a cura. São Paulo: Cultrix, 2006.]
GOSWAMI, Amit. God is not dead: what quantum physics tells us about our origins and how we should live. Charlottsville, about our origins and how we should live. Charlottsville, VA: Hampton Roads, 2008. [Deus não está morto: evidências VA: Hampton Roads, 2008. [Deus não está morto: evidências científicas da existência divina. São Paulo: Aleph, 2008.]
GOSWAMI, Amit. Creative evolution: a physicist’s resolution between Darwinism and intelligent design. Wheaton, IL: Theosophi Darwinism and intelligent design. Wheaton, IL: Theosophical Publishing House, 2008. [Evolução criativa das espécies: uma resposta da nova ciência para as limitações da teoria de Darwin. São Paulo: Aleph, 2009.]
GOSWAMI, Amit. Creativity at the time of crisis and paradigm shift. Center for Quantum Activism, 2011. [Criatividade para o século 21: uma visão quântica para a expansão do potencial criativo. São Paulo: Aleph, 2012.





Dr. Colin Barron


